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Um artista não vive à margem da sociedade, Por Hingili

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Será que um artista, para exercer o seu ofício, precisa de aplausos? 
Um artista é o indivíduo que serve a sociedade, cuja matéria prima para realização da sua actividade são fenómenos que se podem encontrar na realidade. Quando a linguagem facilmente articulada por todos atingir o seu limite, o artista, com as suas ferramentas, estará sempre pronto a dar a continuidade para estabelecer a comunicação colectiva, principalemente em momentos caóticos.

Este é o caso do Hingili, artista plástico que reside no bairro de Maxaquene “D”, na cidade de Maputo, que através do seu ofício não pôde se colocar à margem das preocupações que assolam a maior parte da população moçambicana neste período pós-eleitoral.

Hingili, diante desta situação, quis expressar-se de alguma forma tendo surgido, inicialmente, como confessou a equipe da Design informa, a ideia de expressar esta situação através de um poema escrito em Ronga -- a sua língua vernácula, como costuma fazer. Entretanto, considerando o maior número de pessoas as quais queria fazer chegar a sua voz ou devolver o produto na fonte da sua matéria prima, optou pela linguagem universalmente conhecida, a pintura.

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O que vês em mim, é o título da inovadora obra do Hingili. Importa salientar que a sua experiência relacionado a pintura limitava-se somente as feitas nos murais através de técnicas de relevo em cimento, nunca tendo antes feito uma em tela.

Quem irá ajudar o Povo? Essa foi a força motriz que desencadeou a concepção desta indubitavelmente incrível obra do Hingili, que segundo o que nos contou: “Inicialmente, pensei em fazer um antigo combatente saindo da janela para ir guerrear a favor de um dos lados que estão envolvidos nestes tumultos. Mas nisso, notei que iria limitar a interpretação da obra, além do mais, esse seria um tema ou conceito um pouco óbvio, então repensei e concluí que devia fazer uma obra mais abrangente, multifacetada e de uma técnica exclusiva.”

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A técnica usada sobre a tela em forma de janela formada por contraplacado e madeira, Hingili representou a personagem em movimento que transmite a sensação da necessidade de sair de um lugar, pisando a janela que pode ser compreendido a tal emergência da saída, reforçado pela mão e o pé esculpidos com gesso sobressaindo num ar realístico.

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Não podendo escapar aos detalhes, diante dos elementos que sobressaem a tela, é possível notar a representação de sangue, assim como ferimentos, podendo ser interpretado como união e o altruísmo onde o bem colectivo conta mais do que o individual. Para contextualizar a personagem, foi necessário a representação da bandeira Nacional e túnica branca para simbolizar a paz que se busca em Moçambique que se encontra em chamas, tal como foi representado na imagem, alegoricamente.

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2 Comentários

  1. A arte é um dos maiores e belos meios de comunicar uma mensagem que o mundo sempre teve desde os primórdios.

    Parabéns a Desiginforma pelo artigo e ao artista pela obra.

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  2. Muito obrigado pelo feedback, sentimo-nos alegres ao saber que os conteúdos são relevantes para pelo menos uma pessoa.

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