Apesar de ser mais conhecida como artista plástica moçambicana, Sandra Pizura é designer gráfica e lecciona a cadeira de Desenho na Escola Superior de Artes e Cultura (ISArC). É desde tenra idade que se interessa pelo desenho, razão pela qual, com auxílio de seus pais, entrou para a Escola de Artes Visuais e foi exactamente nessa época que fez ensino de artes gráficas.
Após a formação, durante muito tempo, trabalhou com Design Gráfico, mas sente-se confortável e gosta mais de trabalhar com as artes plásticas, uma vez que, dito em suas palavras, “elas permitem que me expresse mais, claro que sem esquecer do meu outro lado profissional, o design”, por sinal um campo que entende estar em constante evolução, o que a faz estar sempre a par das novas tendências e utilização das ferramentas disponíveis nos dias de hoje.
A aparição de Sandra Pizura é, maioritariamente, nas Artes plásticas do que no Design de comunicação. Questionada pela Design Informa sobre este facto, justificou que essas barreiras existem devido à natureza distinta entre as duas áreas criativas e reforçou que “depois de pintar uma obra, temos a possibilidade de assinar e publicar. Já, os trabalhos de designers, geralmente, são institucionais, então fazemos, assinamos e entregamos. O trabalho fica entre o designer e a instituição, por isso é difícil para muitos de nós fazer uma publicação pessoal desses trabalhos”.
Ainda falando em Design Gráfico, esta é uma área que exige responsabilidade e muita atenção aos pormenores para melhor resultado oferecer. Da sua experiência, fruto de estudo e prática, Sandra Pizura usa os ideais do Design de comunicação para melhor trabalhar em suas telas.
“No Design Gráfico, enquanto fazes um layout, tens que prestar atenção, por exemplo, à disposição dos elementos na obra, aos contrastes e à escolha de cores. Então, na minha pintura, invisto muito na qualidade da obra”, disse Sandra Pizura, sustentando que “sou muito exigente comigo e isso é visível na forma como faço os contrastes, enquadramentos, colocação dos detalhes e expressão e isto deve-se ao facto de eu ser designer”.
O conceito de criatividade no Design, conforme explicou-nos Pizura, durante a conversa com a nossa equipa, não pode ser, simplesmente, por inspiração ou vontade, é um exercício que compreende uma análise profunda sobre o que se pretende mostrar e como se vai mostrar, e são desses elementos que a artista e designer se baseia para pensar seus conceitos nas artes plásticas e, antes de dar início ao seu ofício, responde às perguntas que lhe surgem “qual é a mensagem e a parte simbólica? O que as pessoas devem reflectir ao olhar para minha tela?”, portanto o processo criativo de Sandra Pizura, nas artes plásticas, decorre sempre nestes moldes.
Sua pintura é multidisciplinar e realista. A técnica aguarela (pintando em papel cartolina); a lápis, a partir da qual faz esboços e retratos; e a técnica em pintura de telas, com base na tinta acrílica, são suas preferências, apesar de ter experiência em outras técnicas, como tintas a óleo. E, nas artes digitais, dedica-se a desenhos ilustrativos (para livros escolares, brochuras e outros materiais), aliás, sobre isto, importa referenciar que a maior parte dos seus trabalhos gráficos são resultados das ilustrações que cria.
Título: Habitantes do além
Suas temáticas nas artes plásticas são extraídas dos acontecimentos do cotidiano e, através do desenho, faz uma representação artística do real e bem frisou “não pinto à toa, faço-o quando tenho algum conceito por explorar ou alguma inquietação”.
Sandra Pizura participou de várias exposições colectivas no país e expôs suas obras individualmente, a nível nacional e internacional, exibindo seus trabalhos em dois países, Portugal e Espanha, nomeadamente. Enquanto designer, já trabalhou numa agência. Actualmente, opera como Freelancer e presta serviços gráficos a ONGs internacionais.
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