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O que é que mudou na forma de comunicar valores de uma marca em Moçambique

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Antes de avançar neste artigo de opinião prefiro deixar claro que o que escrevo não deve ser considerado algo absoluto, e sim um ponto de reflexão para um assunto que quase todo mundo tem algo a partilhar. Desde já, encorajo que mais pessoas possam contribuir acerca do tópico, quando possível e pertinente.

Todo mundo é vítima da cultura na qual está inserida. Somos todos configurados pelo meio que nos rodeia e limitados pelo que não temos acesso. A noção da existência de algo, se for do nosso interesse, pode desencadear em nós aquilo que conhecemos como ambição ou influenciar o comportamento através das motivações que vão nos nortear para atingir determinado objectivo. 

Falar de comunicação é assustador porque isso requer que eu, no processo, consiga manipular os elementos que compõem a estrutura de codificação de determinada linguagem para que, por sua vez, se possa compreender a mensagem que se visa estabelecer no acto da comunicação entre os envolvidos nesse processo.

Entretanto, ao se refletir sobre a maneira que eram feitas as comunicações massivas, e também os meios nos quais eram veiculadas essas mensagens antes das redes sociais fazerem parte de nós, fica difícil articular uma ideia que possa descrever o estado em que nos encontramos de forma lúcida. Essa dificuldade, resulta, essencialmente, da alienação dos meios tradicionais de comunicação e a precipitação em agir sob o novo que ainda não é compreendido simultaneamente que se ignora o processo de construção de conceitos na mente humana, num processo dialéctico que envolve abstração e experimentação do que foi abstraído. 

Logo, compreender questões relacionadas à valores das marcas não pode limitar-se apenas às acções que são feitas sem antes definir uma cultura para determinada marca (considerando que a cultura coexiste com sistemas de valores). Hoje em dia, não basta só a consistência ou acção para construir uma marca, pois agindo dessa forma o máximo que se pode conseguir é ter uma marca que se parece com uma outra, facto esse que se revela absurdo diante do que é pretendido. 

Vários livros ou revistas usam marcas como Apple para definirem um “standard” de excelência com valores que ressoam com os próprios usuários. Porém, o que pouco se frisa é que essas marcas para além de prometerem à audiência algo, conseguem entregar as suas promessas a um determinado custo que se adequa ao público com o qual se comunicam (que não se entenda comunicação como anúncios, mas a forma que os usuários interagem com esses produtos).

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Para além desses problemas, deparamo-nos também com questões relacionadas a monopolização desses canais. Facto que contribui para o imediatismo e precipitação no processo de comunicação com o público. Pensamos sempre em revolução, negligenciando a evolução porque é fácil abandonar o “antigo” e se achar “expert” no novo sendo que nem o antigo foi compreendido, como se nos esquecêssemos que as coisas novas são resultado das que as antecederam.

Se compreendermos que o meio é apenas um canal programado, programação essa que nos permite agir dentro dos seus limites, poderíamos saber a necessidade de, antes de abrir a “boca”, compreender o que nos impele a “falar”. Porque ao analisarmos, falar é um acto de exteriorização daquilo que está no interior; sabemos também que falar não é comunicar. 

Então, quando os responsáveis por construir valores para marcas não compreendem esse facto é certo que o que se espera, no máximo, é a imitação do acto de ler feita por um macaco como de um humano se tratasse (sabemos que ele pode fazer movimentos iguais ao homem, mas movimentos desprovidos de significado). 

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Portanto, quando se busca construir valor para uma marca deve-se pensar para além dos canais digitais, começando por compreender a marca e o que faz a marca ser uma marca antes dela ser configurada na mente do seu potencial público para que se consiga articular esses valores interiores de forma coesa, clara e objectiva através da comunicação que serão veiculadas nesses meios. 

Tendo isso ficado claro, fica fácil compreender o condicionamento que esses meios ou canais impõem aos seus usuários e suas implicações para consecutivamente elaborar uma abordagem que não entre em choque com os interesses dos que detém esses canais que nos dão a falsa sensação de poder e liberdade, sendo que os nossos actos também são condicionados ou a nossa liberdade é limitada ao que os canais permitem. 

Em forma de questão: Se consideramos que a maior parte das pessoas passa mais tempo no celular quando estiverem a caminhar, no chapa, em casa, no trabalho, na escola e até na prisão (baseado em rumores), qual seria a melhor forma que as marcas podem usar para comunicarem seus valores e se conectarem com as pessoas sem causar desconforto (porque ao fazer uma campanha, nas redes sociais, invadem o momento de lazer dos usuários para mostrar publicações patrocinadas), ou parecer uma marca que quer realmente vender algo? Podíamos dar respostas como usar os influencers (uma resposta válida), mas eles realmente têm esse poder de construir uma marca ou de vender determinados serviços ou produtos? Esse acto não torna produtos efémeros? Fica a questão... embora o tema sugerisse respostas, o que mais tenho são questões que respostas para este assunto.

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1 Comentários

  1. Considerando que todas as marcas tem o seu público-alvo, talvez criar conteúdos de valor seguindo o segmento da marca chegariam as pessoas de maneira orgânica.
    Ex: gosto de ver cenas sobre investimento. E se o banco "x" tivesse conteúdo sobre isso eu iria ver sem ser "forçado" ou algo do tipo, e dessa forma as marcas agregariam valor criando narrativas fortes

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