Em 2014, quando ainda estava na flor da ansiedade de Beber e sugar todo o conhecimento sobre Arte na Faculdade de Artes – no Instituto Superior de Artes e Cultura –, me deparei em uma conversa bastante interessante sobre uma escola de artes que surgira no século XIX, a Bauhaus, essa que caminhava sozinha no meio de outras que acreditavam que as belas artes podiam ser ensinadas através da sistematização, minimizando a importância da criatividade como uma contribuição toda original e individual.
Conceitos como a arte, o artesanato, a criatividade e a inspiração são tomadas como notas purificadas de qualquer outra realidade que possa dificultar as suas comparações.
A arte, neste caso, se distingue do artesanato pelo facto de ser um ofício ancestral e de reprodução em série; colocando-se a artes num outro nível, embora elas se apropriem do artesanato na concepção de produtos.
Essa diferença colocou os artistas longe dos artesãos, aproximando-os dos intelectuais numa distinção clara para quem olha à “estruturação” da Arte Europeia (diferente da concepção do artesanato no olhar Asiático e Africano).
Um dos pontos que se discutia muito na academia era: como é que se devia assimilar num contexto como nosso, coisas que já haviam sido pensadas e organizadas a muito tempo e numa realidade diferente da nossa (uma critica também organizada pelo escritor Dionísio Bahule em “Tabuleiro Semiótico”), as palavras como: artesanato, design, arte e ou criatividade que são para o nosso contexto (Moçambicano/Africano) muito novas mas que não se diferenciam das coisas que já vínhamos fazendo ou criando.
Podemos dizer, por exemplo, que a Arte Maconde, que é um estilo “artesanal” pode estar separada da Reinata Sadimba que pensa numa forma criativa de fazer a Arte Maconde se o seu rosto (que é da comunidade maconde) colocar o seu trabalho e a si como arte/artista, levantando outras questões relacionadas com a arte e artesanato; a ideia do ofício ancestral e a ideia do ancião que só ele deve esculpir a máscara para a cerimónia.
....
Voltando ao Design, conheci o grande Walter Gropius na Biblioteca da Escola num cartaz da Bauhaus, intensificou-se em mim a confusão quando ele introduziu a proposta de unir a arte, artesanato, teatro e outras disciplinas de criação quase no mesmo exercício que fizera William Morris. (LOBACH, 2001)
A escola de Walter Gropius, a primeira escola formal de Design que assimilava todas essas práticas para pensar em uma forma industrial de construir coisas, o que chamamos hoje de Bau – Hause (Mangeul, 2005). Seria como pensar num lugar de fazedores criativos a resolverem problemas, ao mesmo tempo que descobriam novas linguagens, digamos, para dizer e pronunciar-se de forma mais “didática e formal”. O Design.
Assim como no seu surgimento o Design sempre trouxe essa estranheza no seio da sociedade (RAFAEL C, 1999), desde a ideia do produto e do próprio Designer que supostamente pode somente saber mexer as ferramentas ou se ter formado numa instituição sem o domínio das ferramentas para o exercício da concepção da obra...
Revisão: Aboubakar Bin
0 Comentários