Helder Manhique, conhecido no seio artístico como Mudungaze, nasceu em Maputo. É um artista multifacetado, que gosta de coleccionar objectos diversos. Fez a sua primeira aparição como artística plástico em 2018.
Entre os anos que se seguiram o artista Mudungaze teve suas obras exibidas em vários lugares, o que culminou com o reconhecimento das suas obras pelo público. Um dos diferenciais do artista é a capacidade de transformar o lixo em luxo, através de composição com objectos reciclados que são reorganizados para responderem as suas reflexões relacionadas a economia, política e sociedade moçambicana e, por vezes, global.
Ele, através de objectos que as pessoas não mais vêm valores neles, busca usar como arma ou instrumento para dialogar com os espectadores numa abordagem leve e abstracta que seja facilmente compreendida pelo público.
Pela natureza dos objectos que ele usa para configurar as mensagens em suas obras é normal surgirem várias dúvidas sobre o processo de concepção e materialização das ideias. E, durante uma entrevista na TVM fez uma analogia entre a actividade/processo do artistas e de contabilista dizendo que: “Artistas não são como contabilistas”, frisando a ideia de que a maneira de proceder do artista não é sistematizado tanto quanto o maneira de um contabilista proceder.
Para Mudungaze a inspiração está relacionada a atenção e a abertura que temos pelo meios no qual o artista se encontra, pois é onde é possível encontrar a matéria-prima para produzir uma obra que agregue valor aos espectadores. Como diria Kandisky, “A arte é filha do seu tempo”.
Para além de incentivar a prática e o consumo de artes visuais, foi interessante saber que ele também acredita que todas manifestações artísticas servem de comida para a mente dos artistas ao comentar que lê e descobre várias teorias que o ajudam a olhar para a realidade que o circunda com olhar lúcido aos factos mais óbvios que por vezes nos escapam no nosso dia-a-dia.
Entretanto, as pessoas precisam começar a consumir as artes desde cedo, como diz Mundungazi: “Se nós não crescemos com o hábito artístico, em casa, não será aos 26 anos, mesmo com poder de compra, que iremos adquirir objectos de arte. As pessoas não compreendem, por exemplo, por que tirariam 50 mil meticais para comprar uma obra de Mudungaze e colocar na sala de casa”. Os artistas não vivem somente de elogios, mas eles são necessários, como diz Mudangazi, para o ego inflamar, explodir e nascer coisas boas.
Crédito da imagem da capa: Mbega
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