Ana Raquel Machava é uma arquiteta de nacionalidade moçambicana, residente na cidade de Maputo onde tem se dedicado, para além das discussões, na busca de alternativas para a conscientização dos jovens praticantes de diferentes artes e arquitetura para pensarem e contribuírem para o progresso do meio no qual estão inseridos, através de ferramentas acessíveis e locais.
Através das experiências obtidas durante o intercâmbio com artistas e arquitetos de diferentes países do continente Africano, assim como os de outros continentes, ela busca sempre chamar atenção aos jovens para questões reais com as quais se deparam no dia-a-dia, frisando a necessidade de compreender os fundamentos universais planetários, mais especificamente da natureza para que se possa desenvolver a capacidade reflexiva para posteriormente encontrar soluções locais e funcionais.
Nesse processo de busca de soluções, para além de olhar para a sofisticação tecnológica como algo global, ela advoga, segundo a entrevista feita pela Revista EL PAÍS no âmbito da sua chegada à Madrid, que é necessário olhar para a realidade local no tempo passado e presente, lembrando que existem sequelas do colonialismo que não se restringem apenas as questões ideológicas, pois chegam a incluir também questões de arquitetura.
Durante uma conversa com a nossa equipa ela chegou a salientar que a influência da arquitetura colonial constitui um factor condicionador ao retrocesso ou estagnação intelectual, pois não se busca por soluções que se adequam à realidade local e quando muito não se consegue arranjar tempo para reflectir sobre estes problemas e os que têm tempo não se sentem capazes de exercer alguma mudança no meio em que se encontram.
Ela também frisou que esses movimentos transcendem questões de género durante a entrevista conduzida pela revista EL PAÍS, ao responder que a sua missão transcendia questões de géneros quando foi questionada se ela sentia alguma dificuldade na prática dessa actividade por ser mulher.
Ela, geralmente, prefere não comentar muito a favor das questões de luta de diferenças de géneros para não perpetuar essas questões, pois ela acredita que a luta de transformação social transcende questões de género e que na nossa sociedade quem passa(va) mais tempo em casa são as mulheres e nessa linha de pensamento podemos concluir que, de facto, todos precisam participar para gerar uma mudança significativa na sociedade.
1 Comentários
Pontos de reflexão bem acertivos, e uma perspectiva muito interessante sobre questões que parecem óbvias, mas nem sempre são levadas em conta.
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