As artes acolhem a todos. Basta observar com atenção que é notória a forte presença de mulheres, em várias manifestações artísticas, muitas vezes mães, esposas e donas de casa que, mesmo com os padrões socialmente estabelecidos sobre “ser mulher”, não adormeceram suas habilidades nas artes.
Francisca Mirine, no mundo artístico conhecida por Chica, da província de Maputo e nascida em 1997, é uma dessas mulheres moçambicanas presas nas artes. Com a dança contemporânea, conquistou o mundo, encantou milhares de pessoas e representou Moçambique internacionalmente.
Seu interessante pela dança se manifestou em tenra idade como parte da sua diversão. Mais tarde frequentou à Companhia Municipal de Canto e Dança da Matola, que apenas se dedicava a dança tradicional. Foi lá onde tudo partiu, e tempos depois quando deu por si já estava envolvida na cena da dança e a profissionalizar, segundo contou a nossa equipa durante conversa.
É formada em Gestão Cultural pelo Instituto Superior de Artes de Cultura (ISArC). Ganhou uma formação em dança, tecido acrobático, trapézio, pirâmides, contorcionismo e circo na Noruega. Estas são as técnicas valiosas que lhe servem até os dias de hoje.
Com 10 anos de experiência, Francisca Mirine é, actualmente, bailarina, coreógrafa e acrobata, envolvendo-se em várias modalidades da dança, desde a tradicional, jazz, contemporânea, clássica e balé, além das acrobacias que são sua outra área de actuação.
Apesar das modalidades exigirem suas próprias regras, durante as suas actuações faz questão de trazer elementos que remetem à sua identidade cultural e explicou “por exemplo, no balé se inserimos movimentos improvisados, estamos a usar balé enquanto técnica e é aí onde introduzimos os elementos africanos”.
Ao falar em balé, frisou-nos ainda que é um pontapé para se habilitar às outras modalidades porque “só o treino ajuda a formar o corpo do bailarino e os saltos, por exemplo, não faltam noutros ramos da dança, embora aplicados de forma abstracta”.
Francisca Mirine vive da dança e revelou à Design Informa que “a arte não é um negócio” o que não implica que o artista não deva ganhar alguma coisa pelo que faz e explicou “o artista começa a fazer arte por amor, não com o fim de vender imediatamente”, mas “desde que a arte vira o dia-a-dia do artista, ele precisa ter algum rendimento com isto, pois como qualquer um tem suas necessidades pessoais ”, finalizou.
Entende que é por se atentar e considerar estes aspectos que existem residências artísticas, concursos e apoios para os projectos.
E, questionada sobre ser mulher na dança, descreveu que há muitos estereótipos sobre o assunto e, há homens, principalmente, que vão extremo ao associar a dança à prostituição, já que as mulheres podem levantar as pernas e por vezes usar roupa curta durante a actuação, mas que tudo isto são só preconceitos e não a realidade.
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