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Inteligência artificial como novo aliado dos profissionais na área do design


Algumas lembranças da infância (não tão distante do momento presente), são de produções cinematográficas que retratam um cenário “futuro” em que o homem deixa de ser o único ser considerado “pensante” no planeta terra, passando a dividir espaço com androids (artefactos mecânicos com a forma física humana e capacidade de raciocinar – inteligência artificial). 

Nos dias actuais, parte desse cenário, anteriormente futuro já se realizou e surgiram diversas formas de inteligência artificial (I.A.), e por se tratar de uma fase transitória, tal cenário suscita debates de várias ordens. 

Da mesma forma que a alguns milénios o desenho que era apenas “Fazível” por técnicas manuais passou a ser possível realizar a partir do computador. A presença da inteligência artificial no ambiente de alguns sectores de trabalho é um caminho sem voltas e inevitavelmente o design faz parte desses sectores. 

Neste artigo nos interessa refletir em torno do poder “criativo e/ou o que gera ideias” presente na inteligência artificial, e mais a diante buscar perceber de quais maneiras tal característica é útil ao design e ao designer.

Para tal dividiremos o nosso artigo em duas partinhas, em que a primeira se encarrega de abordar de forma breve “txapita” os conceitos de inteligência artificial e inteligência humana

A Inteligência Artificial e Inteligência Humana

“Máquinas com mentes”, talvez seja a maneira mais simples de conceituar a inteligência artificial, artefactos construídos para executar actividades associadas ao pensamento humano – resolver problemas, tomada de decisões e a capacidade de aprender. 

Apesar da I.A. ter similaridades com os modos de funcionamento da inteligência Humana, opera apenas a partir de “raciocínios lógicos e ou programação” e de certa forma linear.  
 
Deste modo, podemos assumir que a I.A. é uma espécie de lado esquerdo do cérebro humano, pois funciona a partir de padrões lógicos e menos intuitivos, o que significa que as formas de inteligência artificial não possuem até o momento emoções, portanto não podem ainda formular posicionamentos subjectivos gerados pelos seus próprios mecanismos de pensamento artificial.

Posto isso, é seguro afirmar que I.A. não pode ser criativa. Para que tal se tornasse possível precisaria possuir a componente emocional da mente humana, ou seja, os mecanismos de funcionamento do lado direito do cérebro humano. 

É possível inferir que a aparente capacidade criativa da máquina é apenas aparente. Os algoritmos não elaboram um processo criativo original, mas apenas devolvem resultados que simulam os resultados da criatividade humana” (Bruno Lorenza e Carlo Franzato, 2018)

Pela transcrição a cima notamos claramente que por enquanto os avanços da I.A. não abrangem a todas exigências da actividade projectual do designer. “De facto, e, alguns casos a I.A. pode executar tarefas repetitivas e previsíveis com maior rapidez e eficiência do que o ser humano. Porém ela ainda não pode substituir a criatividade e o pensamento critico que são essenciais no processo de design.” (SOAP, 2023)
   
Conforme o posicionamento postulado por Hofstadter (1979) citado por Bruno Lorenza e Carlo Franzato (2018), “se o objetivo da I.A. fosse de chegar a desempenhar competências idiossincráticas do ser humano, como a criatividade, a jornada seria ainda mais longa.” 
O que torna necessário regular as espectativas e nos ater as possibilidades concretas.

Como a Inteligência artificial pode ser útil ao design e ao designer?

Apesar das espectativas elevadas em relação a essa forma de inteligência, até então, a máxima continua a mesma: “não são as ferramentas que criam é o ser humano, portanto o designer”. Sugerimos, então, que não se transfira a responsabilidade criativa, o pensamento critico e intuitivo para as ferramentas de inteligência artificial.  

Pois o mecanismo de funcionamento destas ferramentas ocorre a partir de base de dados de informações já existentes. Ao não serem dotadas de valores morais, éticos e a experiência humana do dia-a-dia podem recriar erros ou até mesmo preconceitos por influência dos dados de origem. 

Para responder à questão levantada neste tópico tomemos como base as perspectivas de Bruno Lorenza e Carlo Franzato (2018) presente na transcrição a baixo:

 “Movimentos recentes — que carregam em suas dinâmicas as lógicas da sociedade em rede — apontam para mudanças na forma como a I.A. pode estar presente na actividade projectual, não mais como uma auxiliar passiva (tais como softwares CAD ou CSCW), mas como um agente activo, em especial em etapas de geração de alternativas para o problema enfrentado. 

Cabendo ao designer num primeiro momento focalizar esforços em aspectos estratégicos e subjectivos do projecto, e de seguida aproveitar a gigantesca base de dados acumulada pelo algoritmo e procurar estruturar adequadamente os parâmetros para que a I.A. gere resultado que melhor responda a necessidade especifica do projecto.

O papel do designer estaria centrado no desenvolvimento de estratégias efetivas para criação de soluções, e não mais nos movimentos de materialização das mesmas. Ao invés de investir horas de trabalho gerando alternativas que respondam a um problema proposto, o designer deve dedicar-se a identificar os parâmetros às quais a inteligência artificial precisa se ater para gerar as alternativas, prestando atenção, por exemplo, às perspectivas éticas, filosóficas e ambientais de tais parâmetros. (Bruno Lorenza e Carlo Franzato, 2018) 

Podemos concluir que a inteligência artificial, igual a qualquer outra ferramenta já criada, será de grande auxílio para quem aprender a manuseá-la, porém, a especificidade da I.A. para o seu domínio implica o aprendizado de formas de “conversar” com ela a partir de parâmetros específicos. 

Com a integração da I.A. no processo de design, o designer tende a dispor de mais tempo e energia para pensar estrategicamente e de forma crítica, facto que aumenta exponencialmente as chances de cumprir com maior profundidade as funções prática, estética e simbólica – o tripé de um projecto de design. 

No próximo artigo, posicionaremos as lentes ao contexto real da prática profissional procurando perceber como a inteligência artificial pode auxiliar designers no processo criativo. 

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